quinta-feira, 5 de abril de 2012

A Musica na Capoeira

Música
A música desempenha na Capoeira um papel fundamental:
o ritmo do jogo é determinado pelo ritmo da música.


OS TOQUES DE BERIMBAU:
           Na prática da capoeira, à semelhança dos cultos do candomblé, o ritmo e o toque da orquestra é que regem o ritmo e o tipo de jogo. Assim, adquirem papel de primordial importância as características dos diferentes toques executados.
          “Os mais lentos, calmos, são os preferidos pelos ‘angoleiros’, mais apegados às tradições africanas e aos aspectos lúdicos da capoeira, considerada principalmente como um jogo de habilidades, coreografia e técnica, enquanto os ‘regionais’ são mais afeitos aos toques mais rápidos, que acentuam a belicosidade inerente ao conceito de luta, objetivo final desta última modalidade."
(Mestre Decanio)
Da mesma forma que em relação aos golpes, há divergências quanto aos nomes de origem dos toques; mestre Bola Sete, em seu livro A Capoeira Angola na Bahia, nos diz que "os toques básicos são em número de sete, facilmente identificáveis..." Os demais teriam sido criados por alguns mestres, utilizando-se de variações e repiques dos sete toques fundamentais, que são:
          Angola, São Bento, Santa Maria, Amazonas, Idalina, Benguela e Iuna.
          Além disso, os toques de Angola e São Bento podem variar, e se desdobrar em Angola Pequena e São Bento Pequeno, Angola Dobrada e São Bento Grande.
          "Na verdade, são os mesmos toques, só que nos dois primeiros (Angola Pequena e São Bento Pequeno) omite-se a quinta batida da baqueta, substituída por uma pancada bem sutil no arame, abaixo do barbante que liga a cabaça à verga, balançando simultaneamente o caxixi... São utilizados para o acompanhamento dos cânticos, das ladainhas ou dos corridos, quando os dois capoeiristas vão jogar lentamente, enquanto os dois últimos são usados exclusivamente para o acompanhamento dos cânticos corridos, quando o andamento do jogo pode ser moderado ou mais rápido.
 TOQUES E JOGOS:
          Santa Maria: utilizado para a execução de um jogo bastante técnico, em que os capoeiristas exibem toda a sua habilidade.
          Amazonas: jogo fechado, próximo do adversário; predomina a malícia.
          Idalina: jogo mais aberto e solto, indicado para a aprimoração dos golpes.
          Benguela: jogo em que os capoeiristas demonstram a sua capacidade para livrar-se de um ataque a mão armada.
          Iuna: jogo de movimentos lentos e rasteiros, sem o acompanhamento dos cânticos; é um toque de rituais, e exige perfeita coordenação dos movimentos, somente adquirida depois de muitos anos de prática da capoeira. Jogo para formados, mestres e contramestres.
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           Mestre Bola Sete expõe em seu livro (Capoeira Angola da Bahia, Pallas, Rio de Janeiro, 1997) uma curiosa grafia para descrever os vários toques:
Obs.: tim = som agudo, com a moeda presa;
         tich = som abafado, com a moeda folgada;
         tom = som grave, com a moeda solta.
Angola:          tich... tich
                   tom
                   tim (tim)
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  São Bento:   tich... tich... tim
                    tom (tom)
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Santa Maria: tich... tich
                   tom
                   tim
                   tom
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Amazonas:   tich... tich
                   tom... tom
                   tim
____________________________
Idalina:          tich... tich... tim...
                   tich...
                   tom
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Benguela:    tich... tich... tim
                   tom
                   tim
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Iuna:           tom... tom... tom... tom... tom
                   tich... tich... tich...
                   tich... tich...
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           Há ainda outros toques, como o de Apanha Laranja no chão Tico-Tico, antigamente muito utilizado nas festas de Santa Bárbara, na Baixa dos Sapateiros. Os capoeiras jogavam tentando apanhar com a boca um lenço branco (ou uma nota de dinheiro) previamente jogado no meio da roda; ou o toque de Barravento, apropriado para um jogo em ritmo acelerado; o toque de Cavalaria, que antigamente era usado para avisar os capoeiras da aproximação do batalhão de cavalaria da Guarda Nacional; o de Samba de Angola, tocado quando se dança o samba-de-roda ou o samba-duro; ...

AS CANTIGAS DE CAPOEIRA:
          De acordo com Waldeloir Rego, "as cantigas de capoeira fornecem valiosos elementos para o estudo da vida brasileira, em suas várias manifestações, os quais podem ser examinados sob o ponto de vista lingüístico, folclórico, etnográfico e socio-histórico".
          Ainda segundo Waldeloir, não podemos estabelecer nenhum marco divisório entre cantigas de capoeira antigas e atuais, pois muitas das cantigas consideradas atuais são - ou incluem em suas letras - quadras antiqüíssimas, que remontam aos primórdios da colonização. São quadras (estrofes de quatro versos) que relatam passagens da Donzela Teodora, Decamerão, Princesa Magalona, Imperatriz Porcina, Carlos Magno e os Doze Pares de França, João de Calais, cenas da vida patriarcal brasileira e outros variados motivos. Também as cantigas consideradas antigas, na maior parte, não o são. Na verdade, são quadras de desafios, cantigas de roda infantis ou de samba de roda, cujos autores viveram até bem pouco.
          Em geral, a cantiga de capoeira pode ser o enaltecimento de um capoeirista que se tornou herói pelas bravuras que praticou em vida, ou então o relato de "fatos da vida cotidiana, usos, costumes, episódios históricos, a vida e a sociedade na época da colonização, o negro livre e o escravo na senzala, na praça e na comunidade social. Sua atuação na religião, no folclore e na tradição. Louvam-se os mestres de capoeira e evocam-se as terras de África de onde procederam". É importante notar também que as cantigas transmitem ensinamentos, conselhos de prudência, a sabedoria que constitui a filosofia da capoeira.

Materia do site http://www.capoeiradobrasil.com.br/

Cordão de Ouro
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Grupo de Capoeira formado no final da década de 1960 por Mestre Suassuna. Destaca-se entre os vários grupos pela excelência técnica e rica movimentação. Mestre Suassuna sempre manifestou um cuidado extremo em relação à preservação da beleza e da técnica na movimentação de Capoeira.
   A Associação de Capoeira Cordão de Ouro foi fundada em 1o. de setembro de 1967, em São Paulo, e é presidida até hoje pelo Mestre Suassuna. Constitui, portanto, um trabalho de 33 anos que, sem nunca desligar-se de suas fortes raízes, promoveu o desenvolvimento da capoeira em seus múltiplos aspectos - cultural, artístico, esportivo, social, pedagógico.
        Nos primeiros tempos da Cordão de Ouro, Mestre Suassuna e seu amigo e parceiro Mestre Brasília faziam espetaculares apresentações de Capoeira, exibindo avançadas técnicas de jogo e de luta; tempos difíceis aqueles, em que 
Suassuna aplica uma chapa em Brasília, que se aproxima com faca.
 o preconceito da sociedade paulistana em relação à Capoeira ainda era muito grande, e, como ainda não tinham discípulos preparados (à exceção do Paulão, um cara alto, magrão, de bigodes, pernas compridas e uma meia-lua de compasso perigosíssima, mortal), os dois mestres tinham de se apresentar muitas vezes sozinhos (na Academia, às vezes, jogavam ininterruptamente por três ou quatro horas seguidas); com o tempo, começaram a despontar os seus primeiros "bambas": Lobão, Esdrinhas, Tarzan, Malvina, Armando, Freguesia, Almir das Areias, Caio, Miguel, Cidão, Belisco, Kenura, Zé Carlos... e o Grupo começou a crescer.
Suassuna e seu discípulo Lobão.
        Surgiram as primeiras academias filiadas, em São José dos Campos (a Besouro Mangangá, de Lobão e Esdras Filho) e Campinas (Tarzan). 
Mestre Bimba entre Esdras Filho e Lobão, em São Paulo, 1972.  
    Em Itabuna, ficou Luiz Medicina, o primeiro discípulo formado de Mestre Suassuna, e  logo fundou o Grupo Raça, filiado à Cordão de Ouro. Daquela região (Ilhéus, Itabuna etc.) vinham muitos capoeiristas, assim como de Salvador, todos buscando uma oportunidade em São Paulo.
    Suassuna os recebia e orientava, dando-lhes abrigo, apoio - algumas vezes, até mesmo  financeiro. Foi a fase em que sua academia, então na rua das Palmeiras, ficou conhecida como "Consulado Nordestino". Ali se travaram as mais espetaculares rodas de capoeira de que se tem notícia em São Paulo; além dos Mestres que compõem o grupo de pioneiros da Capoeira paulista - Suassuna, Brasília, Pinatti, Zé de Freitas, Ananias, Joel, Gilvan, Paulo Limão, Silvestre, Esdras "Damião", Ayrton Onça -, muitos outros freqüentaram aquelas rodas, travadas aos sábados à tarde. Era como ir à missa, pra ver os mestres ensinarem...
    O jogo de Suassuna se destacava entre todos. Não havia quem o apanhasse na roda de capoeira, a despeito de sua pequena estatura. Sobravam-lhe agilidade, habilidade técnica, velocidade sempre que necessário, elasticidade, criatividade, um maravilhoso senso-de-humor e... malícia, muita malícia.
    Suassuna continuou trabalhando duro, e formando os seus bambas. A terceira leva de bambas reunia capoeiristas espetaculares, plenos de recursos, surpreendentes: Tihane, Biriba, Dal, Flávio Tucano, Quebrinha,  Risadinha de Zambi, Marcelo Caveirinha, Ricardo Perez, Alegria, Marinheiro, Dr. Cícero, Falcon... ... ; outros vieram depois, como Espirro-Mirim, Geraldinho, Urubu Malandro, Canguru, Sarará,  Tião, Durinho, Tourinho, Lucifer, Xavier, Geraldinho, Ponciano, Zé Antônio, Zé Paulo, Bolinha, Plínio, Lou, Selma, Filipe, e tantos outros, todos trabalhados pelo cinzel do Grande Feiticeiro, que sempre recusou o ensino massificado, reservando a cada um a liberdade para bem definir o seu próprio estilo de jogo. Daí a excelência destes e tantos outros jovens capoeiristas, mestres, artistas/lutadores completos que, hoje, já começam a fazer história.
    Isso, pra não falar das mais novas gerações, promessas de futuro, capoeiristas que consagram o que hoje em dia já se chama de "Jogo do Miudinho".
     Avesso a todos os rótulos, rebelde e irrequieto, Mestre Suassuna bem pode estar neste exato momento trabalhando alguma nova surpresa, a ser acrescentada ao rol daquelas já registradas em sua monumental carreira de Grande Mestre de Capoeira.

Continuação da materia Origens da capoeira


          1939: Mestre Bimba começou a ensinar Capoeira no quartel do Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR) de Salvador, no Forte do Barbalho, onde trabalhou por três anos.
          1941: Mestre Pastinha (Vicente Ferreira Pastinha) funda também sua academia, o "Centro Esportivo de Capoeira Angola", hoje localizada ao Largo do Pelourinho nº 19, e dirigida por Mestre Curió, seu discípulo. Naquele tempo, como ainda hoje, a capoeira era ensinada como nas outras academias de capoeira angola, isto é, por via oral, à excessão da academia de Mestre Bimba.
          1948: No mês de dezembro, desembarcam em São Paulo os pioneiros da capoeira neste Estado, Esdras Magalhães dos Santos (Damião), Manoel Garrido Rodeiro (Garrido) e Fernando Rodrigues Perez (o respeitado Perez da capoeira baiana), formados e especializados pelo Mestre Bimba no Centro de Cultura Física e Luta Regional, do Maciel de Cima (em Salvador). Vieram preparar a vinda do "Rei da Capoeira" à terra paulista, para mostrar aqui a luta genuína brasileira. Logo depois, ainda em dezembro, chegou a São Paulo o próprio Mestre Bimba, acompanhado de seus alunos Brasilino, Clarindo, Adib, Jurandir e Edevaldo, que se juntaram aos três primeiros. Ralf Zumbano intermediou os entendimentos com seu tio, o argentino (naturalizado brasileiro) Kid Jofre, pai do "Galo de Ouro", Eder Jofre, este campeão mundial de boxe em duas categorias (dos galos e dos penas), para que os capoeiras começassem a treinar em sua academia de boxe.
          Os "meninos de Bimba" fizeram duas apresentações em fevereiro e duas em março de 1949, disputando noitadas de vale-tudo com os melhores lutadores paulistas da modalidade: Duro, Menezes, Godofredo, Evaldo, Cabrera, Flávio, Canuto, Arapuã e Nagashima (jiu-jitsu). Em seguida, participaram de temporada no Rio de Janeiro, enfrentando lutadores locais em combates "pra valer". As apresentações, tanto em São Paulo quanto no Rio de Janeiro, tiveram um sucesso estrondoso.

          1950: No segundo semestre, o atual Mestre Damião (Esdras Magalhães dos Santos) retornou à capital paulista, para fazer o curso de sargentos especialistas da Aeronáutica, no Campo de Marte. Durante dois anos (1950/51) ele deu aulas de capoeira para cerca de cinqüenta alunos, na academia de Kid Jofre. Os primeiros foram Renato Bacelar (advogado), Martinho Luthero dos Santos (professor, irmão de Damião) e seus amigos Walter Grossman, Hamilton e Waldemar.
          1953: Mestre Bimba e seus alunos exibem-se, no Palácio do Governo, em Salvador, a convite do então governador da Bahia Juracy Magalhães, na presença do Presidente da República, Getúlio Vargas, que teria dito, na ocasião: "A Capoeira é o único esporte verdadeiramente nacional". A partir daí, a capoeira passou a ser mais valorizada e a ter acesso a exibições em clubes, escolas, teatros, começando a ganhar apoio de políticos, intelectuais, artistas e do povo em geral. Porém, o capoeira, como indivíduo, continuou sendo vítima dos preconceitos da sociedade. O preconceito só começou a desaparecer a partir da década de 60, quando a capoeira começou a trilhar novos caminhos.
          1955: Realização da primeira apresentação de Capoeira pela televisão; apresentaram-se os dois irmãos - Esdras Magalhães dos Santos (Mestre Damião) e seu discípulo Martinho Luthero dos Santos, na TV Tupi (Canal 4), dos Diários Associados, em entrevista conduzida pelo jornalista José Carlos de Morais, conhecido como "Tico-Tico".
          1957: A partir de maio, na mesma academia de Kid Jofre, o jornalista Augusto Mário Ferreira, recém-formado por Mestre Bimba (que lhe deu o apelido de Guga), deu continuidade ao curso iniciado por Mestre Damião, até 1959, auxiliado pelo professor Martinho Luthero dos Santos. Prepararam um grupo de quase vinte praticantes, que não chegaram à formatura em razão apenas da impossibilidade material de trazer o Mestre Bimba mais uma vez a São Paulo. O curso dissolveu-se.
          No final da década de 50, José de Freitas, capoeirista de Alagoinhas/BA, chega à capital paulista, e começa um curso numa academia de lutas do bairro do Brás. Pouco tempo depois, um alfaiate carioca, auto-intitulado Mestre Valdemar Paulista (não confundir com o homônimo de Salvador), ou Valdemar Angoleiro, auxiliado por seu irmão, Durvaltércio Alves dos Santos (conhecido depois como Mestre Bolinha), abriu a primeira academia de fato, num casarão decadente da Rua Bela Cintra (hoje demolido).
          1966: Chegam a São Paulo Reinaldo Ramos Suassuna, baiano de Itabuna (celeiro de bambas) e Antônio Cardoso Andrade, também baiano, de Alagoinhas. Aqui, fizeram amizade com Dejamir Pinatti, paulista de Orlândia. Este último cedeu uma área descoberta nos fundos de sua residência, na Vila Mariana, para que Suassuna e Brasília começassem a ensinar capoeira. Nasceu ali a primeira academia em São Paulo registrada em cartório, a Academia de Capoeira Regional de Elite de São Paulo (ACRESP).
          1967: O jornalista Augusto Mário Ferreira (Guga) patrocinou a abertura do Centro de Capoeira Ilha de Maré, na Rua Augusta, colocando ali como instrutor Paulo Gomes da Cruz, capoeirista baiano, que aprendera a jogar com Mestre Artur Emídio, no Rio de Janeiro.
          No mesmo ano, o professor Martinho Luthero dos Santos vai a São José dos Campos para visitar seu irmão Esdras (Mestre Damião) e informar-lhe, "cheio de uma euforia sem precedentes", que a capoeira começava a proliferar em São Paulo mediante a instalação de academias. Destacou com grande entusiasmo o nome da Academia Cordão de Ouro, de Mestre Suassuna (Suassuna e Brasília já haviam fundado a Associação de Capoeira Cordão de Ouro, e mantinham academia num velho casarão da Av. Angélica). Anunciava-se ali uma parceria que alastraria a capoeira por todo o Estado de São Paulo.
          1968: Os mestres Suassuna e Brasília transferem sua academia para a Rua das Palmeiras; inicia-se ali a fase conhecida como a do "Consulado Nordestino". Mestres e praticantes vindos principalmente da Bahia são ali recebidos, hospedados e auxiliados (às vezes até financeiramente) pelo Mestre Suassuna. Realizam-se as mais espetaculares rodas de capoeira de que se tem notícia em São Paulo.
          1973: Foi preciso esperar até 1973 para que as nossas autoridades reconhecessem finalmente a capoeira como atividade desportiva e traço vigoroso do complexo cultural que contribuiu para a nossa formação. Desde então, com sua progressiva institucionalização, vem a capoeira se desenvolvendo de forma irrefreável, elevando o seu nível técnico, revelando sua enorme vocação social, como instrumento de educação para a cidadania, na inserção social de crianças carentes e marginalizadas, na reabilitação de deficientes físicos e mentais, em programas de atividades para a terceira idade, nos clubes, nas escolas de 1o., 2o. e 3o. graus, em programas de fisioterapia e até de psicoterapia, no treinamento e preparação de atletas de outras modalidades esportivas, etc...
Continua: Em Construção
Aguarde alguns dias.
          1993: Por influência de intelectuais e capoeiristas, foi efetivada a criação da Associação Brasileira de Capoeira Angola (ABCA), que funciona hoje no casarão amarelo da Rua Gregório de Mattos, no Centro Histórico de Salvador/BA. Teve como primeiro presidente Mestre João Pequeno de Pastinha, e da primeira diretoria faziam parte também os mestres Moraes, Cobrinha Mansa, Jogo de Dentro e Barba Branca.
          2000: A Capoeira começa a ser divulgada na Internet. Em maio, estréia o site http://www.capoeiradobrasil.com.br, com uma proposta abrangente, de dedicar-se não apenas a um grupo em particular, mas à Capoeira em geral.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Giro nas academias do RN


arquivos do Mestre Irani


NO NA RODA O GRANDE MESTRE SUASSUNA E UMA CRIANÇA E NOS INSTRUMENTOS MESTRE MOLEKE,MESTRE INDIO,MESTRE IRANI ,MESTRE ESPIRRO MIRIM E MESTRE ONÇA NEGRA.

Continuação da materia Origens da capoeira


Século XX
          1901: Alberto Bessa, em A Gíria Portuguesa, define a capoeira como “jogo de mãos, pés e cabeça, praticado por vadios de baixa esfera (gatunos)”.
          1910: Revolta da Chibata, motim negro ocorrido em quatro navios, na Baía de Guanabara, Rio de Janeiro, contra o suplício e a tortura ainda existentes na Armada, vestígios da mentalidade oligárquica escravista.
          Em Salvador, desde a década de 1910, ocorre a criação de "escolas de capoeira", evidentemente clandestinas. No Rio, na mesma época, os capoeiristas cariocas também possuíam espaços reservados ao treinamentos da luta, alguns deles freqüentados inclusive pela fina-flor da elite, segundo o testemunho de Inezil Penna Marinho:
         
"Aqui no Rio, Sinhozinho mantém uma academia no Ipanema, destinada aos moços grã-finos que desejam ter algum motivo para se tornar valentes".
1912: Chega a “hora final” para as maltas do Recife, coincidindo com o nascimento do frevo; o passo, que é a movimentação do frevo, é filho da capoeira; como nos conta Edison Carneiro (Cadernos de Folclore, 1971), "a hora final chegou para as maltas do Recife mais ou menos em 1912, coincidindo com o nascimento do frevo, legado da capoeira (melhor diria 'o passo', que é a dança; o frevo é a música que o acompanha). As bandas rivais do Quarto (4o. Batalhão) e da Espanha (Guarda Nacional) desfilavam no carnaval pernambucano protegidas pela agilidade, pela valentia, pelos cacetes e pelas facas dos façanhudos capoeiras que aos saracoteios desafiavam os inimigos: 'Cresceu, caiu, partiu, morreu!' A polícia foi acabando paulatinamente com os moleques de banda de música e com seus líderes, Nicolau do Poço, João de Totó, Jovino dos Coelhos, até neutralizar o maior deles, Nascimento Grande".
  Entre 1920 e 1927: Sob a administração do temido delegado de polícia Pedro de Azevedo Gordilho, lembrado pela memória popular da capoeira e do candomblé baianos como "Pedrito", intensificou-se a perseguição aos capoeiras na Bahia. Além do toque de berimbau chamado Cavalaria que, ao simular o tropel dos cavalos, denunciava a aproximação do conhecido Esquadrão de Cavalaria da polícia, a memória dessa perseguição está presente ainda hoje na seguinte cantiga, coletada por Waldeloir Rego:
"Toca o pandeiro,
Sacuda o caxixi
Anda depressa
Qui Pedrito
Evém aí"
         As primeiras décadas do século XX marcam o ápice da perseguição policial movida contra os capoeiristas da Bahia. Quando Manoel dos Reis Machado (o mestre Bimba) começou a aprender capoeira, na Estrada das Boiadas, bairro da Liberdade, em Salvador, a capoeira ainda enfrentava acirrada perseguição, conforme contava o próprio Bimba:
        
"Naquele tempo, capoeira era coisa para carroceiro, trapicheiro, estivador e malandros. Eu era estivador, mas fui um pouco de tudo. A polícia perseguia um capoeirista como se persegue um cão danado. Imagine só, que um dos castigos que davam a capoeiristas que fossem presos brigando era amarrar um dos punhos no rabo de um cavalo e outro em cavalo paralelo. Os dois cavalos eram soltos e postos a correr em disparada até o quartel. Comentavam até, por brincadeira, que era melhor brigar perto do quartel, pois houve muitos casos de morte. O indivíduo não agüentava ser arrastado em velocidade pelo chão e morria antes de chegar ao seu destino: o quartel de polícia".
            Foi nesta época que ocorreu o grande salto na história da capoeira. Insatisfeito com o preconceito e a marginalização que a envolviam, mestre Bimba decidiu criar uma variação da capoeira, e a chamou de Luta Regional Baiana. Preocupado com a eficiência combativa da nossa arte-luta que, segundo ele, vinha sendo dissipada e perdida pela ação do turismo (os capoeiristas envolviam-se muito àquela época com apresentações para turistas, e a capoeira foi se transformando em show de acrobacias e mandingagens, afastando-se de seu sentido original), Mestre Bimba, preservando a movimentação original e os antigos rituais, introduziu modificações baseadas em golpes de jiu-jitsu, da luta greco-romana, do boxe e principalmente do batuque (luta de origem africana muito praticada na Bahia). Como conta o Ten. Esdras Magalhães dos Santos (Mestre Damião), discípulo de Bimba e precursor da capoeira paulista:
         
“na criação da Luta Regional houve a colaboração de Cisnando Lima, cearense ‘arretado’, profundo conhecedor de jiu-jitsu, boxe, luta greco-romana (...). Cisnando transmitiu a Bimba os seus conhecimentos, aos quais o Mestre associou golpes do batuque para elaboração da nova modalidade esportiva.
             
Decânio (Mestre Decânio, o mais idoso aluno vivo do Mestre Bimba) acentua, no entanto, que apesar de Cisnando apresentar os golpes e contragolpes daquelas lutas, a decisão final da conveniência ou não da inclusão dos mesmos na Luta Regional Baiana sempre foi do Mestre.”
(Esdras Magalhães dos Santos – Mestre Damião –, Conversando sobre Capoeira..., ed. do autor).
            As inovações de Mestre Bimba, ainda que tenham atingido os objetivos a que se propunham, isto é, conferir maior eficiência combativa à nossa arte-luta, e promover o seu reconhecimento social, geraram grande polêmica no seio da comunidade capoeirística; muitos encararam-nas injustamente como uma descaracterização das tradições da capoeira. O debate dura até hoje, exibindo posições variadas. Parece-nos que a tensão gerada entre as duas “modalidades” de capoeira é salutar: devemos, sim, preservar sempre as tradições, sem no entanto nos fecharmos às inovações que representem real evolução.
          1932: Mestre Bimba funda, em Salvador, no Engenho Velho de Brotas, a primeira academia de  capoeira registrada oficialmente, com o nome de "Centro de Cultura Física e Capoeira Regional da Bahia".
           1937: Mestre Bimba (Manuel dos Reis Machado, 1900-1974), um dos "heróis culturais" da capoeira brasileira, consegue licença oficial que o autoriza a ensiná-la no seu "Centro de Cultura Física e Capoeira Regional", num período em que o Brasil caminhava para o pleno regime de força e que as leis penais consideravam os capoeiristas como delinqüentes perigosos. Qualificando o ensino de sua capoeira como ensino de educação física, a então Secretaria da Educação, Saúde e Assistência Pública expediu certificado de registro à academia de capoeira de Mestre Bimba, a primeira do gênero, a 9 de julho de 1937. A partir daí, a capoeira sairia das ruas e passaria a ser praticada no interior das “academias”, como ficariam conhecidas as escolas de capoeira.

Frase do Dia


terça-feira, 3 de abril de 2012

So pra descontrai.

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Continuação da materia Origens da capoeira


Século XVIII


            1702: Começa no Brasil a atividade cafeeira, com a plantação das primeiras mudas de café por Palheta no Rio de Janeiro, no vale do Paraíba, dirigindo-se daí para São Paulo. No século XVIII, além do açúcar e da recém-implantação da cafeicultura e da mineração, começa efetivamente, com o crescimento das cidades, a vida urbana, surgindo então um outro tipo de escravidão: o escravo doméstico. A partir daí, a alforria começa a ser amplamente disseminada. A presença do negro, sua contribuição para a civilização brasileira, torna-se marcante, não só nas senzalas das plantações ou na mineração, mas também nas cidades, no comércio, nos mercados e nas praças públicas. 
          1712: Pela primeira vez é registrado o vocábulo capoeira, no Vocabulário Português e Latino, de Rafael Bluteau, mas os significados do termo não se referem à luta.
            Não há praticamente registros sobre a capoeira no século XVIII. É comum imaginar-se a capoeira nascendo e crescendo no ambiente rural, mas talvez tenha sido nas cidades, onde circulava livremente um grande número de libertos e "negros de ganho" (escravos que por conta própria exerciam alguma atividade e que ao fim do dia tinham de entregar uma quantia prefixada a seu proprietário), que esse processo de crescimento e transformação foi mais expressivo.